Museu Arqueológico ao ar livre em Floripa

Logo após aquele período mais crítico de isolamento, quando começamos a buscar alguns passeios ao ar livre, eu me lembrei de um que eu fiz algumas vezes quando mais nova e resolvi levar as meninas para uma aventura em família. O destino? O Museu arqueológico ao ar livre, que fica no costão da praia do Santinho.

A Praia do Santinho

Entre as inúmeras praias aqui de Floripa, as meninas nunca tinham frequentado a Praia do Santinho, vizinha da Praia dos Ingleses, onde estávamos passando nossos dias durante o período de isolamento. E já que estamos bem próximos, resolvi levá-las até lá. Além do contato com a natureza, o passeio pelo museu ao ar livre ainda seria uma oportunidade para ensinar um pouco da história da humanidade.

Com 2,2 km de extensão, a Praia do Santinho fica localizada no norte da Ilha, depois da Praia dos Ingleses e é muito procurada por surfistas e praticantes de sandboard. É lá também que fica o Costão do Santinho Resort, eleito o melhor resort de praia do Brasil pela revista Viagem & Turismo por seis vezes seguidas.

O Museu Arqueológico

O acesso ao museu arqueológico é feito pela areia da praia. Lembrando que há estacionamento gratuito no local. Chegando na praia, vá para o lado direito em direção ao costão. As dunas estão no lado esquerdo. Há uma pequena passagem coberta por folhagens para acessar a parte pavimentada da trilha que leva às inscrições rupestres.

Seguimos em direção às gravuras e logo nos deparamos com totens explicativos sobre o museu. São vários ao longo do caminho até a estrutura dos sítios arqueológicos. Eles contam um pouco da história sobre o povoamento da América e os costumes dos sambaquis, povo que se fixou no litoral do estado por volta de 7 mil anos atrás.

Através da trilha também podemos ter acesso à uma obra que traz mais informações sobre este patrimônio arqueológico na Ilha, no Estado e no Brasil.

Oficinas líticas e inscrições rupestres

Durante o trajeto existem dois tipos de sítios arqueológicos: as oficinas líticas e as inscrições rupestres. Oficinas líticas são os locais utilizados para a confecção e afiação de instrumentos, pontas de lanças, machados e pesos para redes de pesca. Já as inscrições rupestres, ou petróglifos, são figuras ou formas geométricas gravadas ou pintadas na rocha.

Não há estudos precisos sobre a datação das inscrições, mas estima-se que elas foram elaboradas cerca de 5 mil anos atrás. No litoral de Santa Catarina encontramos esses registros sempre gravados, formando sulcos que marcam os desenhos. Aqui em Floripa, além da praia do Santinho, podemos encontrar sítios arqueológicos também na Ilha do Campeche e nas praias da Joaquina, Mole e Ingleses.

Parceria com Resort

Normalmente as inscrições rupestres localizam-se em locais de difícil acesso, como costões à beira mar, pontas e ilhas. Em parceria formada entre o Costão do Santinho Resort e órgãos municipais e federais, foi construída uma passarela com o intuito de proporcionar uma visão privilegiada da inscrição pré-histórica, sem causar mais danos ao sítio.

Além da passarela, há uma cobertura que projeta sombra sobre a rocha, impedindo que o aquecimento exagerado da superfície da pedra cause ainda mais degradação ao patrimônio. Esta é a primeira experiência de proteção direta de um sítio arqueológico no Brasil.

Ao longo do caminho também nos deparamos com silhuetas projetadas contra o mar que representam as antigas andanças do homem sob a face da terra. Os tótens explicativos nos levam a reflexão sobre o motivo pelo qual os antigos povos deixavam suas marcas nas rochas.

Inscrições rupestres inspiradoras

Um fato interessante é que a marca utilizada pelo resort veio justamente de uma das inscrições rupestres que ali se encontram. E não só ao hotel as gravuras serviram de inspiração. A própria praia do Santinho leva esse nome em razão de uma imagem muito semelhante à um homem com uma auréola estilizada. Em função disso, os nativos da Ilha frequentavam o local para rezar e pedir proteção às embarcações de pesca. Infelizmente, a pedra foi removida do local e hoje seu paradeiro é desconhecido.

Trilhas

No Morro das Aranhas, que une as praias do Santinho e Moçambique, existem duas trilhas. A primeira leva até o topo do morro e tem 1,4 km de extensão. Já a segunda dá acesso a Praia de Moçambique e tem 2,6 km.

O caminho passa por costões, áreas de pasto e capoeirinhas. Do alto do morro, observa-se a Ilha das Aranhas, e tem-se uma vista panorâmica das praias de Moçambique e do Santinho, além do Parque Estadual do Rio Vermelho. Há seis córregos como fontes d’água. Quem vai de bicicleta, prepare-se para carregar a magrela por vários trechos de costão, e cuidado com os riscos de queda.

É recomendável um bom preparo físico, pois o percurso exige grande esforço e, muitas vezes, o apoio das mãos. O percurso leva cerca de uma hora. Não é recomendável fazê-lo à noite, porque a Praia de Moçambique é praticamente deserta.

Nossa Experiência

Caminhamos na trilha rodeados pela natureza. Mata, mar e patrimônio arqueológico e cultural. Um passeio tão lindo, rápido e de fácil acesso que nos trouxe tanto conhecimento e reflexão.

Quanto às inscrições rupestres, confesso que fiquei um pouco decepcionada pois tinha a impressão de que haviam bem mais gravuras antigamente. Não sei se foi a ação do tempo ou a lembrança engrandecida pela infância, mas fiquei procurando outras inscrições pelo espaço do museu arqueológico e realmente não havia mais. Além disso, as oficinas líticas também não estavam claramente identificadas.

Queríamos caminhar mais e fazer uma das duas opções de trilha que sobem pelo Morro das Aranhas, mas as meninas não estavam no clima para uma caminhada longa, o sol estava super forte e acabamos resolvendo ir curtir na praia, ao invés de fazer trilha com elas. Penso que é sempre melhor assim. O programa tem que ser leve. Se não está rolando, aborta a missão e se joga no plano B. O importante é que seja um momento de conexão familiar em que todo mundo se divirta!

E aí? Você já conhece esse Museu Arqueológico ao ar livre?