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Roteiro pelo centro histórico de Floripa com crianças

Está certo que o programa clássico de Floripa é lagartear pelas muitas praias da região, mas não é só de areia e água salgada que vive a Ilha da Magia. Em dias sem sol ou quando bate o cansaço do clima praiano, uma boa pedida é fazer um tour pela zona central da cidade. Você pode fazer esse roteiro pelo centro histórico de Floripa com crianças em meio período ou então estendê-lo com um passeio à Ponte Hercílio Luz e arredores ou pela Beira-Mar Norte. Pela manhã ou pela tarde, ambos são boas opções, principalmente se o sol não estiver reinando no céu.

Como chegar ao Centro Histórico de Floripa

Se sua família não estiver hospedada na região central de Floripa, o melhor que você tem a fazer é vir de uber ou taxi até o local. Caso esteja de carro, pode deixar seu veículo no estacionamento que tem próximo do Mercado Público. Agora, se já estiver pela região saiba que todo trajeto pode ser feito a pé mesmo. As atrações são bem próximas uma das outras e o local é bastante frequentado.

Para realizar este roteiro em meio período faremos o seguinte trajeto: Praça XV, Catedral Metropolitana, Museu de Florianópolis, Palácio Cruz e Sousa, Largo da Alfândega e terminaremos no Mercado Público, um bom local para almoçar (se estiver fazendo o passeio pela manhã), jantar ou fazer um happy hour (se o passeio acontecer à tarde).

Melhor dia para fazer o Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa

Talvez uma boa ideia seja fazer esse roteiro pelo centro histórico de Floripa na segunda-feira ou entre quarta-feira e sábado. Isso porque aos domingos não há muito movimento na área central (o que não necessariamente é um problema) mas o Museu Histórico permanece fechado. Já na terça-feira é a vez do Museu de Florianópolis não abrir para o público.

Iniciando o Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa com crianças

1. Praça XV de Novembro

Começamos nosso Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa na Praça XV de Novembro. Você vai ter facilidade em visualizar e reconhecê-la em função da presença da centenária Figueira, que é atração turística de destaque na cidade. Ao redor da árvore, ronda muita misticidade e superstição. Dentre as tradições folclóricas está a dos visitantes que, ao conhecê-la, devem dar três voltas ao seu redor para atrair sorte.

Diz a lenda ainda que é possível usar as voltas à figueira para conseguir se livrar de um relacionamento ruim, para voltar à cidade outras vezes, ou até garantir um casamento. Toda esse superstição gera bastante curiosidade e sempre há turistas (e por que não moradores?) fazendo a simpatia.

Deixe as crianças a darem ao menos uma volta ao redor da Figueira. Elas adoram e ainda conseguem entender melhor a dimensão desta grande árvore!

Outra curiosidade da Figueira da Praça XV é que ela não se encontra em seu lugar originário. A árvore foi transplantada da frente da Catedral para onde está hoje no ano de 1891. O motivo ninguém sabe ao certo, mas há quem diga que Lacerda Coutinho, então Presidente da Província, resolveu trasladar a Figueira para o centro da praça com o objetivo de facilitar o flerte com uma moça que morava em frente ao Palácio Cruz e Sousa (antiga residência oficial dos governadores), já que os galhos da árvore atrapalhavam a troca de olhares. Hoje, os galhos estão apoiados em escoras para garantir sua sustentação.

Figueira Praça XV
Figueira Centenária bem no coração da Praça XV de Novembro

No jardim da Praça XV de Novembro, arborizado durante o século XIX e cercado até 1912, foram plantadas espécies de grande porte como palmeiras imperiais, fícus indianos, cravos da índia e tamareiras. Ao olhar para o chão, você observa o piso de mosaicos que formam figuras folclóricas da Ilha de Santa Catarina, produzidas pelo artista plástico Hassis (1926/2001).

Incentive as crianças a procurarem as figuras folclóricas pelo chão da Praça! É um exercício bem divertido!

Ainda na Praça XV você vai encontrar o Monumento em homenagem aos catarinenses mortos no maior conflito armado internacional da América do Sul, a Guerra do Paraguai. Sua cobertura é formada por balas de canhão e ao redor estão os bustos de catarinenses famosos como: o poeta Cruz e Sousa, o pintor Victor Meirelles, o historiador José Boiteux e Jerônimo Coelho, fundador da imprensa em Santa Catarina.

2. Catedral Metropolitana

Seguindo o nosso Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa, agora é a vez de conhecer a Catedral da cidade. Bem em frente a Praça XV de Novembro, no alto de uma grande escadaria, está instalada a Catedral Metropolitana de Florianópolis, que já passou por várias reformas ao longo dos anos. De capela, erguida por Francisco Dias Velho em 1651, o local se transformou na primeira igreja da Província com o projeto do brigadeiro Silva Paes entre 1753 e 1773. Em 1922 a Catedral foi ampliada e acrescentadas as duas torres com o carrilhão com cinco sinos, o maior conjunto da América do Sul.

A Catedral

Em seu interior, várias peças de arte sacra chamam a atenção dos visitantes, entre elas um órgão de tubos vindo da Alemanha em 1924 e a cadeira de Dom Jacinto Veras, bispo de Montevideu que, ao morrer em 1881 com fama de santo, pediu que a sua cadeira fosse doada à igreja do local onde nascera.

Se você estiver com carrinho de bebê ou precisar de mobilidade, há um rampa de acesso pela lateral direita da igreja.

Visitar igreja não é o programa mais agradável para os pequenos, então aproveite a parada para deixá-los correrem soltos pela escadaria ou pelo calçadão que tem ali na frente!

No calçadão em frente à Catedral também rola uma feirinha de artesanato em alguns dias da semana!

3. Museu de Florianópolis

Saindo da Catedral e descendo pelas laterais da Praça XV estão dois museus bem legais para ir com as crianças. O primeiro, mais novo e também super interativo, é o Museu de Florianópolis. Ele fica abrigado em uma casa amarela, antiga Casa de Câmara e Cadeia da cidade, bem fácil de localizar.

O Museu abriu suas portas em novembro de 2021 e surgiu da parceria do Sesc com a Prefeitura Municipal de Florianópolis. São dois andares (sobe de escada ou elevador) de exposições super dinâmicas que abordam toda a história da Ilha da Magia. Você consegue explorar o lugar com as crianças em pouco mais de 1 hora.

Nossas favoritas foram a “Ventos e Marés: de Meiembipe a Florianópolis”, que retrata em uma grande projeção a evolução territorial da cidade (fica no andar superior), e a exposição temporária sobre o Boi de Mamão, que fica logo à direita da entrada, mas eu SUGIRO FORTEMENTE QUE VOCÊ DEIXE PARA VISITAR NO FINAL porque há grandes chances de sua criança não querer mais sair dali de jeito nenhum!

Essa exposição imperdível estará disponível até julho/2022.

Outra coisa muito bacana são as expressões manezinhas e seus significados que foram registradas nas paredes que acompanham a escada do prédio: “Arrombassi”, “Dazumbanho”, “Istepô”, “Moquirido”, “Tax tolo?” são algumas delas! 

Há ainda uma lojinha e um café (que não visitamos) no local. 

O Museu de Florianópolis funciona nas segundas, quartas, quintas e sextas-feiras das 09h às 19h  e sábados, domingos e feriados das 10h às 16h. O valor dos ingressos na bilheteria é de R$ 10 inteiro e R$ 5 meia-entrada (crianças até 12 anos). O último domingo do mês tem entrada free para todos.

4. Pintura de Cruz e Sousa

A essa altura você já deve ter reparado na obra que estampa três paredões dos prédios ao lado do Palácio Cruz e Sousa. Trata-se exatamente do poeta nascido em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) no ano de 1861. O painel de 900 metros quadrados de extensão tem autoria do artista Rodrigo Rizzo e faz parte do projeto Street Art Tour, que busca valorizar e incentivar a arte urbana em Florianópolis.

Centro Histórico: Pintura de Cruz e Sousa

Quem foi Cruz e Sousa?

Filho de negros alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família. Além de representante da literatura, Cruz e Sousa também é um grande ícone do movimento de resistência negra no Brasil.

Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Lançou vários livros de poesia e foi um dos precursores do simbolismo no Brasil. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem tem quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.

Faleceu em 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, também de tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa no centro de Florianópolis. Foi integrante da Academia Catarinense de Letras, de cuja cadeira 15 é patrono.

5. Museu Histórico de Santa Catarina (Palácio Cruz e Sousa)

No prédio cor de rosa onde o painel do poeta simbolista emoldura o jardim, fica o Palácio Cruz e Sousa. Construído no século XVIII (entre 1750 e 1765) com características de um “sobradão” colonial, exemplo clássico da arquitetura lusa, foi residência oficial dos governadores do estado até 1954. O local ainda recebeu as visitas de Dom Pedro I e Dom Pedro II e foi palco de acontecimentos políticos.

Desde 1986, o Palácio Rosado, como é apelidado, abriga o Museu Histórico de Santa Catarina. Seus visitantes podem admirar o mobiliário da época e a beleza de sua escadaria de mármore e dos pisos em parquet que decoram o assoalho. As esculturas e pinturas do teto, com colunas trabalhadas em estilos que vão do neoclássico ao art-nouveau e a cúpula de vidro também são destaques na exposição.

Quem visita o local pode ainda se deparar com uma cópia a óleo da “Primeira Missa no Brasil”, de autoria de Sebastião Vieira Fernandes, discípulo de Victor Meirelles. No andar térreo há um salão para exposições temporárias, então fique de olho para ver se há algo interessante enquanto estiver por ali.

Para visitar o museu sugere-se um agendamento prévio através do e-mail mhsc@fcc.sc.gov.br. Entretanto, mesmo que você não tenha hora marcada, poderá conhecer o espaço conforme a disponibilidade de vagas do dia. As visitas são guiadas nas segundas-feiras, das 13h às 17h, de terça a sexta, das 10h às 17h e, aos sábados, das 10h às 13h. A entrada é gratuita.

Depois da visita ao museu, que tal convidar as crianças para sentar nos jardins do palácio e convidá-los a encenar um teatrinho como se fossem os moradores do local? Essa atividade pode render boas risadas e muitas memórias!

Museu Histórico de SC Palácio Cruz e Sousa

6. Largo da Alfândega

Saindo do Palácio Cruz e Sousa, desça pela rua da Praça e dê uma espiadinha na Rua Felipe Schmitd. Esta é uma das principais ruas da cidade e, junto com a paralela Conselheiro Mafra, concentram grande parte do comércio popular de Floripa em seus calçadões.

Centro Histórico: Rua Felipe Schmitd

Como em todo lugar de comércio popular, aqui você também vai encontrar pessoas abordando os passantes. Se não quiser comprar nada de procedência duvidosa, concentre-se na arquitetura dos casarios antigos.

Aqui você pode comprar uma pipoca para as crianças em um dos carrinhos pelo caminho e tomar uma água de coco. Também se prepare para ser abordado pelos vendedores de balões, que algumas vezes chegam a ser desagradáveis na tentativa de realizar a venda.

Saindo da Rua Felipe Schmidt e descendo duas quadras em direção ao mar você vai encontrar o edifício da antiga alfândega da cidade. Inaugurado em 1876, até hoje é reconhecido como um dos raros exemplares da arquitetura colonial portuguesa que ainda sobrevivem no Brasil. Em 1964, com o fechamento do porto, a alfândega foi desativada e ocupada pelo escritório do IPHAN e pelo centro de artesanato de Florianópolis. Hoje o local está passando por uma reforma.

Centro Histórico: Edifício da Alfândega

O Largo em frente foi reformado e revitalizado no ano de 2020. O novo espaço recebeu cobertura com estrutura metálica entrelaçada fazendo referência à tradicional renda de bilro açoriana, artesanato que faz parte da história de Floripa. Em dias de sol, a cobertura faz sombra em forma de renda, vale a pena conferir!

Centro Histórico: Largo da Alfândega

O novo Largo da Alfândega do Centro Histórico de Floripa conta com decks, calçamento, acessibilidade e paisagismo, além de espelhos d’água, que demarcam até onde ia o mar naquela área antes do aterro. No espaço também tem uma cafeteria e lojas de artesanato. Alguns dias da semana também acontece uma feirinha de alimentos, com o tradicional pastel e caldo de cana.

Centro Histórico - Feirinha da Alfândega

7. Mercado Público

A última parada deste Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa é o Mercado Público e isso tem um motivo estratégico: Aqui você pode sentar, comer um pastel de berbigão, uma porção de camarão, tomar um caldo de cana, curtir um som ao vivo e ainda apreciar o ambiente e o movimento dos manezinhos que passam por ali.

Inaugurado em 1899, o edifício é um marco histórico-cultural da cidade. Em agosto de 2005 o Mercado sofreu um grande incêndio que destruiu a sua ala mais antiga, que abrigava dezenas de lojas (em sua maioria de calçados). A última grande reforma do mercado público foi iniciada em novembro de 2013 e finalizada recentemente, no dia 5 de agosto de 2015.

O Mercado teve que ser praticamente reconstruído, preservando-se os mesmo conceitos arquitetônicos antigos e mantendo o espaço como ponto de encontro na cidade.

O prédio é dividido em duas alas: uma para a venda de alimentos, com açougue, empórios, mas principalmente frutos do mar, e outra com estabelecimentos variados, inclusive várias lojinhas de presentes artesanais. O banheiro é limpo, mas é pago (R$2,50 em jul/22).

Banheiro do Mercado Público

No vão central, vários restaurantes disputam os clientes durante todo o dia. Nas opções de refeições destacam-se os pratos à base de frutos do mar. Entre os restaurantes, lanchonetes e bares disponíveis, o mais famoso é o Box 32 (Box 4 da Ala Sul), onde o cardápio varia dos populares pastéis de camarão com 100 gramas de recheio até pratos com haddock escocês, caviares, lagostas, escargot ou patinhas de caranguejo.

Não deixe de observar o Relógio da empresa inglesa Western Telegraph, que tinha sede na cidade e era responsável pela transmissão de telegramas. Com a mudança de tecnologia e o fechamento da empresa em 1975, sobrou apenas o relógio, que acabou virando referência para os locais ajustarem seus ponteiros.

Mercado Público - Relógio

Aqui encerramos o nosso Roteiro pelo Centro Histórico de Floripa. Se você ainda estiver disposto e tiver tempo de sobra, sugiro uma ída à Ponte Hercílio Luz, com parada no Parque da Luz, ou então um passeio pela Avenida Beira-mar Norte.


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