Nova Trento além da Madre Paulina
Quando falamos em visitar o município de Nova Trento, logo nos remetemos ao Santuário de Madre Paulina, afinal, ele é dedicado à primeira santa do Brasil. Claro que a cidade se destaca no cenário nacional como referência em turismo religioso, mas também é possível aproveitar a cidade de uma outra forma. Quer saber qual? Continua lendo o post que te conto mais adiante! 😊
Nova Descoberta
Estava navegando pelo instagram quando me deparei com o perfil do Sítio da Prosperidade. Já fazia um tempo que queria levar as meninas para ter uma experiência de turismo rural, mas não tinha definido ainda para onde levá-las. Não queria ter que dormir na hospedagem, então os muitos hotéis fazenda da região catarinense ficaram de fora. Também queria que fosse em um lugar próximo o suficiente de Floripa para render um bom passeio sem precisar ficar tempo demais dentro do carro.
Foi aí que resolvi que o Sítio da Prosperidade era uma boa opção para nós. A sugestão de visita é passar a tarde no lugar. Eles abrem ao público com datas pré-definidas e incluem na programação um café artesanal e uma aproximação com os animais do sítio. O valor justo e a proximidade de Nova Trento da nossa cidade foram os fatores decisivos!
Partiu Nova Trento
Saímos de casa cerca de 11h da manhã. Pegamos a estrada em um dia lindo e quente. Como nossa entrada no sítio estava marcada para às 14h, aproveitamos o tempinho livre que tínhamos e fomos a um lugar que eu já estive antes e adorei, o Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro.
Independente de religião, a visita ao santuário vale também pela beleza de sua construção toda vermelha e pelo mirante que proporciona uma vista bem legal. O ambiente é tranquilo e eu me sinto em paz quando estou por lá.
Este santuário que pouca gente conhece fica no alto do Morro da Cruz, a 525 metros de altitude. Para chegar lá é preciso encarar uma estrada íngreme, longa e cheia de curvas (foram uns 10 minutos de subida). Ao longo do caminho estão 14 estações que representam a Via Sacra e servem de parada para os peregrinos pagarem suas promessas.
Na época da construção do santuário (1899-1912), os moradores foram responsáveis por carregar todos os insumos de forma braçal morro acima. Até a estátua de Nossa Senhora que veio da França e foi erguida no local em 1912.
Para quem aprecia o turismo religioso, além da estátua, há uma pequena igreja onde se realizam missas todos os domingos. A “Sala dos Milagres” atrai curiosos e devotos. Também é nesta sala que estão os restos mortais do Padre Russel, francês responsável pela construção do santuário em Nova Trento.
Porém, nem só de turismo religioso vive o local, que também é palco de outros eventos sociais e até atividades esportivas. O cicloturismo, por exemplo, atrai ciclistas da região e outras partes do Brasil, que se desafiam a subir a ladeira do Morro da Cruz. Ao chegar lá no alto, há uma estação onde é possível carimbar um passaporte de aventura.
Crianças x Santuário
Apesar de muita gente achar que este não é um bom programa para fazer com as kids, dá para realizar a visita com as crianças sim! Enquanto você observa a vista ou faz uma oração, deixe elas gastarem energia no parquinho infantil ou tomarem um picolé no restaurante (o sorvete de lá eu não recomendo porque é muito ruim!). Só não esqueça de passar repelente porque os borrachudos não dão trégua.
Mirante em Nova Trento
Mas a principal atração do santuário é mesmo o seu mirante. Lá no alto, em destaque dentro de uma torre envidraçada, está a estátua de Nossa Senhora trazida da França através do Padre Russel, aquela que veio nas costas dos moradores locais durante a construção do espaço.
Uma luneta que funciona com moedas de R$ 1 é atrativo para adultos e crianças, que procuram pontos de visualização entre as montanhas e a cidade de Nova Trento. A brincadeira não dura muito tempo mas as meninas curtiram!
Soube depois da nossa visita que é possível avistar o mar e a região de Bombinhas. Pena que não sabíamos desta informação antes! Se você conseguir, me manda uma foto, por favor!
A visita é gratuita e o local fica aberto todos os dias, das 6h às 22h.
Rumo ao sítio
Ficamos uns 45 minutos por lá e depois fomos em direção ao Sítio da Prosperidade, que fica a menos de 20 km do santuário. Há dois caminhos para chegar lá. Como não conhecíamos, fomos no que o Google Maps indicou e voltamos a São João Batista para então chegar no sítio, mas também dá para ir por dentro de Nova Trento e, pelo visto, o tempo é mais ou menos o mesmo.
Assim que colocamos o carro no estacionamento, já fomos recepcionados pelo Bruno, que é o responsável pelo contato com os clientes através das redes sociais. Ele nos confirmou a programação da tarde e nos deixou a vontade para explorar o espaço.
O Sítio na pandemia
O local é uma graça. A família proprietária é descendente de alemães e cuida sozinha da manutenção do sítio. Eles vivem da visitação de grupos no local e também abrem para o público em datas programadas. Com a pandemia, a visita de grupos maiores não está acontecendo e, como o sítio ficou muito tempo fechado, a família teve que vender algumas ovelhas para conseguir se manter.
Agora que voltaram a reabrir para o público com todos os cuidados necessários contra o covid-19, vão aos poucos começando a se reerguer. Eles também recebem encomendas de produtos coloniais como leite de vaca, queijo, pães e tortas.
Explorando o espaço
Depois de correrem por entre as áreas verdes do sítio, as meninas começaram a explorar a variedade de animais que tem por ali. Primeiro, uma coleção de galinhas exóticas chamou a atenção, depois passaram para o pavão, onde ficamos bastante tempo esperando que ele pudesse abrir suas penas mas não tivemos sorte.
Continuando a caminhada, encontramos a casinha dos porquinhos da índia. Acho que foi o que elas mais curtiram! Ficaram um tempão só observando a movimentação dos bichinhos. Até deram nomes para eles!
O visual do sítio é muito bonito. Lago com vitória-régias, muitas árvores frutíferas, bambuzais… É uma verdadeira imersão na natureza! O local não é muito grande, mas tem espaço e atrativos suficientes para passarmos a tarde por ali. Demos a volta e as meninas encontraram uma casa na árvore! Mais um lugar para gastar um tempo considerável! A brincadeira de subir pelas escadas e descer no escorregador estava tão divertida que eu até ía encarar, não fosse a Melissa ter levado um tombo “à lá vídeo cassetadas” em uma das descidas. Aí então a Mariah também ficou apreensiva e não quis mais descer. Passaram então para a gangorra que tem em frente. Todos os brinquedos são feitos de madeira, bem no estilo rústico de fazenda.
Café artesanal
No meio da tarde estava previsto um café artesanal com produtos preparados no sítio pela própria Dona Bernadete, a matriarca da família. Fomos nos acomodando pelas grandes mesas de madeira no galpão onde seria servida a refeição enquanto a família terminava de organizar o café.
Antes de servir, Dona Bernadete fez questão de reunir os visitantes e dizer umas palavras de agradecimento. Contou a dificuldade que passaram na pandemia e que não desistiram porque realmente amam o que fazem e esperam por dias melhores. Ela é uma querida! Uma senhora com mais de 70 anos mas que aparenta uma força gigante!
Entre as delícias do café estavam waffle, rosca, sanduíches, pães, tortas, bolos e geléias. Tudo simples, mas muito saboroso! Gostei especialmente de um pãozinho recheado com queijo e de um bolo de cocô. Para beber, café e suco de uva.
Colha e Pague
Aliás, o parreiral é uma das atrações do sítio. Todo ano acontece o “colha e pague” onde os hóspedes podem selecionar as frutas que desejam para levar para casa. Esse ano, porém, o excesso de chuvas na região atrapalhou a produção das uvas e impediu a colheita. Segundo o Bruno, poucos cachos puderam ser aproveitados. Realmente uma pena ver toda aquela quantidade da fruta no pé não poder ser degustada.
Visita aos animais
Enquanto terminávamos de conversar e degustar nosso café, as meninas ficaram brincando nos balanços que tem próximo do galpão e volta e meia também voltavam lá para ver os porquinhos-da-índia.
Depois do café, a visitação continua. Desta vez iremos subir o morro para encontrar os animais mais novinhos do sítio. Uma casinha abriga bezerros e ovelhas baby. As kids puderam fazer carinho nos animais, ouvir o som forte da voz dos bezerros e até ajudar a alimentar as ovelhas que estavam por ali. Quando os animais são mais novinhos, a Dona Bernadete até deixa algumas crianças segurarem, mas como eles já estavam mais pesados, apenas os adultos seriam capazes de aguentar o peso dos bichanos.
Ao avistar as vacas leiteiras, Mariah estava doida para fazer a ordenha, mas dessa vez não foi possível porque há toda uma rotina a ser seguida no sítio e o leite das vacas só seria tirado novamente no final do dia, depois que o sítio estivesse fechado. Mais uma vez Dona Bernadete foi muito côrtes e nos convidou para ficarmos após o encerramento das atividades, mas não queríamos voltar muito tarde e acabamos deixando para uma próxima visita.
E assim terminou nossa visita ao Sítio da Prosperidade, no município de Nova Trento. O que você achou? Já sabia que era possível fazer turismo rural na cidade? Ou sempre associava o local à imagem da santa Madre Paulina? É muito legal descobrir novas formas de turismo em lugares pouco prováveis, né? Espero que tenham curtido!